Após assassinato de delegado paulista, juiz Odilon reforça pedido por escolta

Sem proteção desde 2018, magistrado concedeu entrevistas em rede nacional após a repercussão do assassinato do delegado Ruy Ferraz Fontes

Correio do Estado


Após mais de seis anos vivendo sem escolta policial, o juiz federal aposentado Odilon de Oliveira, de Mato Grosso do Sul, e com a repercussão da morte do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, de 64 anos, morto a tiros no último dia 15 de setembro, o magistrado foi a público reforçar pedido que já fez ao Conselho Nacional de Justiça - (CNJ), solicitando retorno de escolta policial pelo menos três vezes na semana.

Na manhã desta terça-feira (23), Odilon concedeu uma entrevista ao programa de alcance nacional Encontro com Patrícia Poeta, na qual afirmou com certeza que Ruy foi morto por integrantes do Primeiro Comando da Capital, o PCC, que é a maior organização criminosa do Brasil, com atuação principalmente no estado de São Paulo, mas também em todo o território brasileiro.

Assim como Ruy, Odilon também é conhecido pela atuação contra o crime organizado na fronteira do Brasil com o Paraguai, e foi responsável por prisões de chefes do tráfico, entre eles Fernandinho Beira-Mar.

Na entrevista, Odilon afirmou que o nome de Ruy estava em uma lista do PCC que continha nomes de autoridades que seriam assassinadas, na qual o nome dele também estava. 'Quando eu era escoltado, os policiais andavam armados com fuzis, e hoje, depois de anos combatendo o crime organizado, o único preso sou eu, que vivo dentro da minha casa com a minha esposa por medo de sair para a rua', disse ele.

O magistrado já foi jurado de morte por facções criminosas e viveu sob segurança permanente desde 1998, devido a ameaças que sofria em função de sua atuação no combate ao narcotráfico na região de Mato Grosso do Sul.

No entanto, em 2018, um ano depois da aposentadoria, o CNJ decidiu retirar a segurança do juiz, afirmando que, segundo órgãos técnicos de segurança pública, naquele momento, as supostas ameaças a sua integridade física não se sustentavam a ponto de justificar a proteção constante de agentes de Polícia Federal.

Na ocasião, por unanimidade, os conselheiros julgaram desnecessária a manutenção da segurança 24 horas, baseados em laudos da própria Polícia Federal e do Departamento de Segurança Institucional do Poder Judiciário (DSIPJ) do CNJ. “Os órgãos técnicos analisaram a situação atual do magistrado e concluíram que: ou não há substâncias nas suspeitas de ameaças ou os episódios relatados não têm relação com risco para o magistrado”, afirmou o conselheiro relator Márcio Shciefler Fontes.

Agora, com a repercussão do caso do ex-delegado da Polícia Civil de São Paulo, Odilon se viu em risco novamente, e veio a público solicitar o retorno da escolta. No pedido, ele solicita a segurança ao menos três vezes na semana para cumprir compromissos como ir ao médico e ao cabeleireiro 

POLÍTICA

Em 2010, Reinaldo Azambuja e Juiz Odilon foram ao segundo turno no Mato Grosso do Sul na eleição para o Governo do Estado. Após 99% das urnas apuradas, Azambuja havia obtido 571.337 votos (44,61% dos votos válidos). Já o seu adversário, Juiz Odilon, havia recebido 405.606 votos (31,67% dos votos válidos). Na ocasião, Azambuja venceu. Em 2022, o ex-juiz federal Odilon de Oliveira (PSD) sofreu sua segunda derrota. O magistrado ficou em quarto lugar na disputa pelo Senado, com 146.261 votos (10,73%).

Um dos argumentos usados para justificar a ‘descontinuidade’ da proteção foi a candidatura do juiz ao governo do Mato Grosso do Sul, anunciada no final de julho. “O fato de se lançar candidato ao cargo de governador representa um agravamento do risco – promovido por ele mesmo , tendo em vista a rotina de uma campanha política. Envolve encontros com lideranças políticas, correligionários, o que não raro ocorre em rincões remotos, além da ampla divulgação da agenda. Apenas os candidatos à Presidência da República têm direito a escolta da Polícia Federal”, disse Schiefler.

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